We’ve updated our Terms of Use to reflect our new entity name and address. You can review the changes here.
We’ve updated our Terms of Use. You can review the changes here.

Isto é o Vento

by Hugo Costa

supported by
/
  • Streaming + Download

    Includes unlimited streaming via the free Bandcamp app, plus high-quality download in MP3, FLAC and more.
    Purchasable with gift card

      €7 EUR  or more

     

1.
Projeção 04:02
Áspero e macio, o toque na areia As mãos revelam-se molhadas No domingo em que sangrei nas conchas que colheste No tempo em que a praia me mentiu Transformei as ondas na areia, na autoestrada E pensei no que me tinhas dito E pensei no que lhes tinhas dito E pensei no que me tinhas dito Os olhos pequenos, a garganta fechada O cabelo muito branco e a cara avermelhada No café da torrada e chá, vi uma gabardine preta Que vinha de lá para cá No dia a seguir caí no sofá O ó em caracol, gráfico e infantil Fazia-nos rir e recordar A regra de ouro, projetada na parede Tinha algo a revelar Alguém nos queria ensinar Queriam-nos fazer olhar Prás imagens que iam projetar Prás imagens, prás memórias Prás imagens, prás memórias Prás imagens, prás memórias Prás imagens, prás memórias Queriam-nos fazer olhar Prás imagens que iam projetar Prás imagens que iam projetar Deixa a memória respirar Deixa a memória respirar
2.
Há um pescador meio afundado Metade do corpo no mar Na praia há uma pena de gaivota Que se liberta pra voar Que se liberta pra voar Há sempre uma onda que estala Ao mesmo tempo do que eu Há sempre uma boca aberta Que põe em causa o que é meu Que põe em causa o que é meu Tento ler no carro e misturo as frases Vou ter de dar um nome a alguém Acordo ao teu lado cedo Vou ter de dar um nome a alguém Vou ter de dar um nome a alguém Mãe vem pra casa, pai vem pra casa Vamos lá todos jantar Vamos todos, todos para casa Há um pescador meio afundado Metade do corpo no mar Na praia há uma pena de gaivota Que se liberta pra voar Há sempre uma onda que estala Ao mesmo tempo do que eu Há sempre uma boca aberta Que põe em causa o que é meu Tento ler no carro e misturo as frases Vou ter de dar um nome a alguém Acordo ao teu lado cedo Vou ter de dar um nome a alguém E os homens duros comem mousse Doce da casa e licor E depois voltam para o trabalho Onde se perde o sabor
3.
Numa casa numa rua Uma família vive há anos Diz que eles vivem em paz E que não têm planos Nessa família há um rapaz Ouve os amigos a falar Do futuro e diz que sim Sai-lhe um suspiro e um enfim No outro lado da rua Vive uma miúda fina Eles namoraram e acabaram As coisas que o verão ensina Conhece a zona de ninguém A internet e a casa dela O fumo vai invadindo a rua E a pele dele é amarela Um dia acordou a tossir E abriu a persiana Viu chaminés a poluir A respirar toda a semana O papá e a mamã Faziam a reciclagem Depois entravam nos seus carros Com os miúdos na bagagem E depois iam de férias O avião quase a pro bono As asas da liberdade De mãos dadas com o carbono E quando voltavam das férias E para o computador Votavam nos seus partidos Num discurso amador Votavam na reciclagem Votavam no crescimento Votavam só a seu credor Num discurso amador Havia um velho na rua Um maluco a dizer "Já não vejo agricultura E há espécies a morrer" O rapaz passou por ele E ouviu com atenção Os incêndios e as cheias Davam lhe toda a razão Os incêndios e as cheias Davam lhe toda a razão No caminho para a loja Que telemóvel comprar O rapaz equacionava Ou se preferia respirar Um dia a família acordou Sem água e aquecimento Sem aviões e sem gasóleo Sem petróleo e sem sustento O velho gritava agora "Estão sujas as minhas vestes Mas eu estou limpo por dentro Durmo com os corpos celestes" Mas eu estou limpo por dentro Vivo com os corpos celestes Querem que sintamos culpa De fazer parte de um sistema Vamos morrer em seu nome Querem que sintamos culpa De fazer parte de um sistema Vamos morrer em seu nome Querem que sintamos culpa
4.
Numa gruta dois lobos dormem À noite ao luar E há sempre um que dorme E outro acorda pra passear E não é a lua cheia Que escolhe qual vai despertar Se o lobo pra temer Se o lobo pra cuidar Encontrei te na clareira Há noite ao luar Tinhas feições de lobo E uma história pra contar E assim o fizeste E eu fiquei a perceber Que com um lobo à frente Podia adormecer Que com um lobo à frente Já podia adormecer
5.
Quem me dera ser aquele O gato voador e brincalhão Deixar o meu sorriso E desaparecer na escuridão Desejo um bom dia Desejo boa noite ao meu amor E dou por mim a abraçá-la Junto ao parque da cidade no calor Sinto o corpo em suspensão À espera que os teus braços o amparem Só me podes salvar tu Os outros eu nem quero que reparem Os pedaços de ti que ficaram Ocupam tanto espaço tanto tempo Os estilhaços de ti Espalhados nos meus olhos Ainda vivem São tão poucos Ainda vivem Tão pequenos Ainda vivem Tão bonitos Ainda vivem Ainda vivem Estou contigo em silêncio Faço uma marca na parede branca Estou contigo à tua espera Eu não estava preparado prá mudança Quem me dera ser aquele O gato voador e brincalhão Deixar um rasto de sorrisos E desaparecer na escuridão
6.
A Escolha 04:18
Eu vivo num palácio branco Enterrado num vale Rodeado de eucaliptos Para que a terra não resvale E vive um rei no palácio Mais a corte real E os portões estão trancados Criou se um espaço ideal E numa manhã de inverno Juntamo-nos na praça As notícias cantava o bardo Enquanto o rei erguia a taça "Voltemos ao baile e às máscaras" Disse o rei e acenderam-se velas "Dancemos nesta bela luz A escuridão cai nas favelas" Disse o rei "ninguém tem de saber Que os queremos controlar Virar o povo contra o povo Dividir pra reinar Pô-los todos a gritar, a gritar" Gritei "deixem me sair Ou deixem nos entrar Os eucaliptos vão cair Pelos portões vão entrar!" Gritei "deixem me sair Ou deixem nos entrar Os eucaliptos vão cair Outras espécies vão plantar Os eucaliptos vão cair Pelos portões vão entrar!"
7.
Eu gostava de te ver Quando não está lá ninguém Quando olhas à janela Ou para o retrato de alguém Quanto tempo estás deitada Quanto tempo estás sozinha Quantas horas em chamada Quantas horas na cozinha Posso dar-te uma chamada? Passar pela tua esquina? Saber que estás à minha espera E que a amizade é genuína Eu gostava de me ver A dormir nos teus lençóis Protegido nos teus braços Nos teus longos caracóis Nos teus longos caracóis Nos teus longos caracóis Nos teus longos caracóis Nos teus caracóis
8.
O que eu vejo é a tua cara, o que eu sinto é a tua pele Ah nesta noite tão clara o céu é feito de papel Digam-lhe que fui embora, que paguei e pus-me a andar Por agora vou-me embora, qualquer dia hei-de voltar Qualquer pessoa que por aqui passe, e que olhar com atenção Vai ver qual foi o desenlace, se conseguir olhar pró chão É tão humilde esta minha voz, a minha cara tão sincera Não sei bem o que viste em mim, de toda a gente nesta esfera A tua roupa sempre foi tão limpa e eu faço parte da ralé Eu sujei-te a noite toda, como uma mancha de café Mas tu limpaste muito bem a nódoa, mudaste rápido a camisa Agora só resta algum cheiro, ele é tão leve quanto a brisa Os teus sinais de apreço, acendem o meu coração Agora passou tanto tempo, tenho a tua atenção São estas águas paradas, onde dá pra flutuar Prometo que não me afundo, e que aprendo a nadar Encontrei o meu consolo, a ver a vida passar Tento falar com os meus amigos e tento não me chatear Estas memórias que me atormentam, vão me prendendo à minha cama Que me dão tanto aconchego, mas que me deixam na lama Que me fazem sorrir, ao ver-te ainda à minha frente E que me fazem trair, o viver do meu presente Viver à beira da autoestrada, ouvir os camiões passar Deve ser uma bela merda, ouvir os camiões passar Levava-te para todo o lado, no bolso qual amuleto No fim da noite eu já beijava, as tuas mãos o teu esqueleto Sempre que abro o coração, sinto-te a dar um passo atrás Espera aí já vais tão longe, posso deixar-te já em paz Vou enterrar o coração, tentar viver o dia-a-dia, Olhar pró céu, sentir o vento, a alegria fugidia Vou enterrar, vou enterrar, vou enterrar o dia-a-dia Olhar pró céu sentir o vento, a alegria fugidia
9.
Lágrimas matinais Escorrem no tecido do lençol Por debaixo do céu branco Noites carnais Iluminadas pelo sol Cobertas pela brisa da manhã Sombras e luzes do amor Sombras e luzes do amor Sombras e luzes do amor
10.
Uma Aventura 03:59
O rapaz desceu do quarto Desceu as escadas Agarrou o corrimão Na mala tinha uma pequena lanterna Um par de botas E um pedaço de pão Um par de botas E um pedaço de pão Deixara o quarto sem saber bem porquê Deixara o quarto e deixara o seu irmão No outro dia tinha tomado a decisão

about

"Isto é o Vento" é um disco que explora as barreiras entre o rock experimental, a música tradicional portuguesa, a folk contemporânea e outros géneros como o jazz e o swing e a erudita. Canções honestas, tocadas à flor da pele.

"Isto é o Vento" is an album that explores barriers between experimental rock, portuguese traditional music, contemporary folk and other genres such as jazz, traditional swing or classical music. Honest songs played raw.

credits

released April 27, 2023

- produzido por Hugo Costa
- gravado, misturado e masterizado por Francisco Duque nos Estúdios Camaleão
- todas as canções da autoria de Hugo Costa

Hugo Costa - Voz, Piano, Guitarra Acústica e Elétrica, Harmónica
Nuno do Lago - Bateria
Duarte Vicente - Acordeão
João Lobo - Contrabaixo
Francisco Melo - Baixo Elétrico
José Lobo Antunes - Arranjos Vocais
Paulo Tato Marinho - Gaita de Foles
Rui Nunes - Clarinete
Tomás Martin - Saxofone

license

all rights reserved

tags

about

Hugo Costa Lisbon, Portugal

Hugo Costa é um cantautor de Lisboa, Portugal.

Hugo Costa is a singer-songwriter from Lisbon.

contact / help

Contact Hugo Costa

Streaming and
Download help

Report this album or account

If you like Hugo Costa, you may also like: